Como a Islândia Mudou a Minha Vida: A Minha História com o Norte

Não posso dizer que cresci a sonhar com a Islândia. Aliás, se me perguntassem há alguns anos, provavelmente nem saberia dizer muito sobre o país. Mas talvez tenha sido precisamente isso que me levou até lá: a ausência de expectativas, a curiosidade pelo desconhecido e a vontade imensa de sair da minha zona de conforto.

A minha formação é na área do Turismo e, durante alguns anos, trabalhei numa agência em Portugal. O ritmo era acelerado, a rotina exigente, e por mais que gostasse da área, comecei a sentir que precisava de mais. De respirar de outra forma e ter outros objetivos.

Foi então que surgiu a oportunidade de trabalhar na Islândia, para o maior operador turístico do país — e eu disse que sim.

A ideia inicial era simples: ficar um ano na Islândia e depois seguir para a Austrália. Mas a Islândia tinha outros planos para mim. Cheguei em 2018 e, desde o primeiro momento, senti que aquele país gelado, de contrastes extremos e silêncios profundos, tinha qualquer coisa para me ensinar.

No início, estranhei tudo. O frio cortante, a luz que desaparecia no inverno e parecia nunca acabar no verão, a língua, a comida e a forma reservada como os islandeses se relacionam. Mas, aos poucos, fui-me transformando. Aprendi a viver no silêncio, a respeitar a natureza quase de forma sagrada e a olhar para dentro com mais calma. E adivinhem… Encontrei uma paz que nunca tinha sentido antes.

Durante os mais de cinco anos que vivi na Islândia, trabalhei como guia turística. Corri o país de norte a sul, várias vezes, em todas as estações do ano. Cada grupo que acompanhava era uma nova oportunidade de contar a história do país — e, sem me aperceber, também fui moldando a minha própria.

Fui conhecendo lugares que não aparecem nos mapas, tradições que não estão nos roteiros, detalhes que só quem vive o país de verdade consegue perceber. E foi aí que me apaixonei: não apenas pela paisagem (que é, sim, arrebatadora), mas pela essência nórdica. Pela forma como o tempo abranda, como o silêncio acolhe, como a simplicidade nos preenche.

Quando regressei a Portugal, soube logo que não podia deixar a Islândia para trás. Ela estava em mim. E eu sentia uma urgência quase física de partilhar com os outros tudo o que tinha vivido. Não da forma turística, rápida e impessoal como tantos viajam — mas da forma como eu vivi: com tempo, com verdade, com alma.

Foi assim que nasceu o Meraki Nordic. Um projeto com o meu nome, o meu coração e o meu propósito. Porque meraki é isso mesmo — fazer algo com entrega, alma e paixão. E foi isso que a Islândia despertou em mim.

Hoje, o que mais me move é poder desenhar experiências que respeitem o ritmo de cada pessoa, que vão além do óbvio e que permitam uma verdadeira ligação com o destino. Acredito que os países nórdicos têm uma energia única — não só para viajar, mas para transformar. E acredito que há muitas pessoas, como eu, à procura de algo mais profundo numa viagem.

 

Se me perguntarem o que mudou em mim depois destes anos no Norte, direi isto:

Deixei de viajar só com os pés.
Hoje viajo com o coração, com presença, com intenção.

E é assim que quero que tu também o faças.

Se o Norte te chama, talvez não seja por acaso.
Talvez, como aconteceu comigo, ele tenha algo importante para te mostrar.

Com carinho,
Cátia Ferreira





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